Muitos empreendedores atentam para a importância do capital de giro quando o caldo já entornou.

Texto: Allan Grossmann, da Endeavor

Figura1

Capital de giro é o dinheiro que você precisa ter para manter seu negócio funcionando. Tecnicamente, o capital de giro é a diferença entre o seu ativo circulante (o que você tem disponível em caixa, nos bancos, em aplicações financeiras e nas contas a receber de curto prazo) e o seu passivo circulante (o que você deve no curto prazo para fornecedores, contas a pagar e bancos).

Se os seus ativos de curto prazo são maiores do que os passivos, você é um empreendedor feliz, pois sua própria operação financia o capital de giro.

Por outro lado, se os seus passivos de curto prazo são maiores do que os ativos de curto prazo, você, assim como 99% das empresas, precisa de uma fonte para financiar seu capital de giro, para manter seu negócio funcionando.

A necessidade de capital de giro está diretamente ligada ao seu Ciclo Financeiro, que é a velocidade com que o dinheiro “roda” na sua empresa. Quanto mais longo (maior) for o seu ciclo financeiro, maior será a sua necessidade de capital de giro. O Ciclo Financeiro é calculado da seguinte forma: Prazo Médio de Renovação do Estoque (PMRE) + Prazo Médio de Recebimento das Vendas (PMRV) – Prazo Médio de Pagamentos (PMP).

Em outras palavras, para reduzir a necessidade de capital de giro (disponibilidades de curto prazo menos compromissos de curto prazo), você precisa reduzir o ciclo financeiro da sua empresa. Mas como se faz?

1. Reduza o prazo de recebimento da sua empresa

A primeira medida, e normalmente a mais difícil, seria reduzir o prazo de recebimento da sua empresa. O problema é que a única maneira de fazer isto é reduzir o “financiamento” aos seus clientes, por exemplo, reduzindo o prazo de parcelamento das vendas e incentivando que seus clientes paguem a vista.

É algo difícil de ser feito, especialmente em momentos de crise, nos quais o poder de compra dos seus clientes estará reduzido e se existem concorrentes que praticam políticas de financiamento das vendas mais agressivas. Vai ser difícil nadar contra a maré, mas é importante que você verifique se não existe espaço para alguma melhoria no seu prazo médio de recebimentos.

2. Otimize seu estoque

Em segundo lugar, é necessário otimizar o estoque (e reduzir o ciclo de produção, para quem é da indústria). Eu costumo ver muitas empresas pequenas e médias que se “super estocam” para conseguir preços melhores junto aos fornecedores. O que o pessoal não percebe é que o ganho no preço de compra vai embora na linha de despesas financeiras, que são os juros que você vai pagar aos bancos para te financiarem.

É claro que é importante conseguir bons preços junto aos fornecedores, mas isto não pode se dar em troca de um estoque maior do que o necessário. Fuja de “pedidos mínimos”, “preço promocional para uma compra maior do que X” e outras pegadinhas do gênero.

Lembre-se que a crise bate em todos. Em momentos mais complicados, os seus fornecedores também estarão sofrendo e, por isso mesmo, serão mais flexíveis para negociar o tamanho dos pedidos e as condições de pagamento.

3. Negocie melhor com seus fornecedores

Em terceiro lugar, negocie melhor com seus fornecedores. Aumente os prazos de pagamento. O famoso “desconto para pagar a vista” só vale a pena se for maior do que o custo do seu capital de giro.

O que você paga em 30 dias, passe a pagar em 45. O que você paga em 45, passe a pagar em 60, e assim por diante. Aqui, a sua empresa é a cliente e normalmente o poder de negociação está do seu lado. Mesmo um fornecedor grande não vai querer perder a venda.

Jogue duro! Na crise, todo mundo fica mais flexível. Outra dica importante: GASTE MENOS! Seja mais criterioso nas despesas, questione a real necessidade de cada despesa. Dinheiro tem que ser difícil de gastar! Não facilite e “desburocratize” os processos de aprovação de despesas. Faça o contrário, use a burocracia a seu favor para ter gastos mais controlados e melhorar seus resultados.

4. Alinhe o bônus de seu time ao ciclo financeiro

Por fim, alinhe o bônus do seu time ao ciclo financeiro! O Prazo Médio de Recebimento das Vendas tem que fazer parte das metas da área comercial, o Prazo Médio de Renovação dos Estoques tem que fazer parte das metas da área industrial (para quem produz), do pessoal de vendas e marketing e o Prazo Médio de Pagamentos faz parte das metas do pessoal de compras.

O Tesoureiro (ou o Controller, conforme o caso), que faz o papel do “Xerife” do Ciclo Financeiro, tem como meta o próprio resultado do Ciclo Financeiro. Isso vai fazer com que ele fique igual a um Pitbull em cima do pessoal comercial, industrial, de compras, etc.

Normalmente já não é fácil, e em momentos de crise fica um pouco mais difícil, mas uma gestão consciente e ativa do Ciclo Financeiro é a única maneira de evitar uma crise de capital de giro.

E não se iluda: gerir o caixa não é algo que se faz uma vez por mês, na reunião de resultados. É um trabalho diário, constante e que exige persistência, mas que pode representar a diferença entre uma vida longa e próspera para sua empresa ou engrossar as estatísticas dos 50% de negócios que quebram antes de dois anos de vida.

Fonte: Trecho extraído de Exame PME – Leia o artigo na íntegra.

 

Capital de giro sicoob credpit

 

Avatar photo

Postado por Blog Sicoob Credpit

Este blog é um canal de comunicação oficial do Sicoob Credpit - www.sicoobcredpit.com.br