Pense nessa situação: um cidadão chega ao médico, depois de cinco anos sem fazer uma consulta, reclamando de cansaço ao menor esforço físico, apresentando altas taxas de colesterol e uma barriguinha de 120 centímetros. O doutor tenta enquadrar o sujeito a perder peso e melhorar os hábitos e, assustado, o homem se propõe a salvar a própria vida. Matricula-se numa academia. Contrata uma nutricionista. Refaz o cardápio priorizando alimentos leves. E passa a acompanhar regularmente cada item da sua saúde. Passam-se os meses e a receita dá resultado. O médico fica mais tranquilo e diz ao cidadão que o perigo iminente passou. Pronto. É a senha para o sujeito relaxar. E se não estiver convicto do que realmente é prioritário, em dois anos estará, novamente, na mesma situação.
Troque o cansaço pela preocupação ao olhar o extrato bancário, os exames médicos pelo limite estourado do cartão de crédito, a barriguinha por uma quantia enorme de objetos ainda guardados na caixa e sem uso, e você terá o retrato de alguém com sérios problemas financeiros.
É possível que, fazendo um tratamento intensivo, esse alguém consiga se livrar das dívidas e coloque a vida em ordem. Mas se passar a empolgação com os resultados de gastar menos do que ganha, os problemas tendem a voltar na mesma intensidade de antes. E então, o que fazer para não deixar o ânimo com o planejamento financeiro acabar?
Em primeiro lugar, é necessário lembrar que a parte mais difícil é organizar a vida – e quem conseguiu sair das dívidas merece todos os cumprimentos por isso. Mas a manutenção também é muito relevante. Por isso, o Como Investir conversou com especialistas que apontaram algumas saídas para garantir que você se mantenha fiel ao seu planejamento. Veja só como pode ser simples!
Revise, revise, revise
Revise sempre seu planejamento! Você pode querer gastar mais ou menos com determinado item com o passar dos meses. O importante é decidir antes quanto poderá gastar naquele momento e não fugir da meta! “No mínimo, sugiro revisar o orçamento uma vez por ano mas você também fazer isso semestralmente ou quando se sentir que há necessidade”, diz o educador financeiro Álvaro Modernell. Isso pode ajudar a perceber que já é possível afrouxar um pouquinho as rédeas, um super estímulo para quem quer continuar no azul.
Quantifique tudo quanto puder
E defina metas claras. Por exemplo, sua meta é ficar rico. Mas quanto dinheiro é preciso economizar para poder se considerar rico? Seu objetivo é não ter dívidas. Mas aquela grana que seu pai emprestou conta como uma dívida ou não? Não vale pensar em metas abstratas quando o assunto é seu bolso. É preciso dar nome e sobrenome a cada uma delas para se motivar a continuar poupando por períodos longos. “Não é nada diferente de querer emagrecer sem estabelecer quantos quilos quer perder”, diz o consultor financeiro André Massaro. Traduza todos os seus objetivos em números – e, se os números forem grandes demais, divida em pequenas porções. Por que não transformá-los em uma check-list no seu computador? Sempre que um marco for alcançado, dê um check! É como participar de uma gincana. Fica mais fácil e divertido poupar desse jeito!
Estabeleça uma regra para si mesmo
Pagar todas as suas compras à vista é uma recomendação recorrente dos consultores financeiros. Mas o apelo de conseguir um desconto com o pagamento no ato já não vale para qualquer loja. Então, por que não criar um regulamento próprio? Se precisa realmente comprar um determinado produto, estabeleça como regra comprá-lo apenas na loja que oferecer desconto para o pagamento à vista. Com esse desafio pessoal, é possível matar dois coelhos com uma cajadada só. De um lado, dá tempo de pensar duas vezes se o item almejado é realmente necessário. Do outro, o clima de competição mantém viva sua motivação para economizar. “Vale até perguntar para o vendedor se alguma forma de pagamento dá um desconto maior”, diz Modernell.
Crie um compromisso público
Cansada de comprar coisas numa velocidade maior do que conseguia realmente consumir e preocupada em economizar dinheiro para sua festa de casamento, a jornalista mineira Talita Scoralick decidiu impor um desafio a si mesma: passar o ano de 2013 inteiro sem comprar uma única peça de roupa, sapato ou acessório. Para mostrar a si e aos outros que, mesmo sem novas aquisições, era possível se vestir bem com o que já tinha em casa, começou a escrever sobre a experiência no seu blog. Todos os dias, havia alguém lá, observando a evolução da sua meta. Para algumas pessoas, falar sobre seus objetivos com outras – num blog como o de Talita, por exemplo – pode se revelar uma forma eficiente de se manter firme às próprias metas. O Como Investir, aliás, tratou de aplicativos e sites voltados para esse fim em uma reportagem. “Compartilhar esse tipo de iniciativa gera um comprometimento público. E ninguém quer ser julgado por não ter conseguido cumprir o que prometeu”, diz Massaro. É importante atentar para o tipo de informação postado na rede. Especialistas alertam que números e valores devem ser preservados. Mas não há nada de mais em demonstrar como estão evoluindo suas atitudes de planejamento financeiro!
Comemore – mas com moderação!
Se você conseguiu atingir um objetivo – juntou dinheiro suficiente para comprar um carro à vista, como havia planejado, por exemplo – comemore! O cuidado aqui é para não se empolgar na comemoração e acabar gastando mais do que poderia. Uma alternativa é incluir a comemoração como um item no orçamento. Ou estabeleça pequenas regras simples como: começar a gastar com diversão apenas depois de ter “zerado” o item “alimentação fora de casa”. Desse jeito, é possível se divertir sem perder a linha!
Fonte: Como Investir
Compartilhe isso: