Cooperativismo de crédito leva serviços financeiros a pequenos municípios.

 

Recentemente, o pesquisador do departamento de Economia da PUC Rio de Janeiro, Juliano Assunção, especialista em Microeconomia Aplicada e Desenvolvimento Econômico, conduziu um estudo sobre os benefícios do cooperativismo de crédito.

Cruzando dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Banco Central (BC ou BCB) e do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), o estudo comprovou que as cooperativas de crédito são capazes de prover serviços financeiros em regiões rurais e mais afastadas das capitais, sendo responsáveis pela inclusão financeira de milhares de brasileiros.

Somado a isso, em dezembro do ano passado, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) apresentou um levantamento similar, o relatório técnico Benefícios do Cooperativismo de Crédito na Economia Brasileira, revelando o efeito gerado pelas instituições cooperativistas em vários fatores econômicos.

Acompanhe algumas das conclusões de ambos estudos e alguns bons exemplos dados pelas cooperativas de crédito brasileiras:

Pequenos municípios

De acordo com dados atualizados do BC e do IBGE, dos 5.570 municípios de nosso país, mais de 40% não possuem agências bancárias. Só que, em 396 deles não há nenhum tipo de instituição financeira: são 1,56 milhão de pessoas sem acesso ou com difícil acesso ao crédito e a todo tipo de produtos e serviços financeiros.

Por outro lado, em 663 municípios, a população é atendida apenas por cooperativas de crédito ou por cooperativas e postos de atendimento avançado (PAA). Essas instituições cooperativistas são responsáveis pela inclusão financeira de 3,57 milhões de brasileiros.

Segundo o levantamento do pesquisador Juliano Assunção, uma das razões para isso é que, para o estabelecimento de uma nova agência, os bancos tradicionais têm um limite mínimo de cerca de 8 mil habitantes. Enquanto isso, as cooperativas de crédito tem capacidade para abrir novas agências em municípios com população a partir de 2,3 mil habitantes.

“Os dados demonstram que as cooperativas podem ser um excelente veículo para levar crédito e outros serviços financeiros para a população de municípios rurais menores, mais afastados das capitais e com menos renda por habitante”, comenta Juliano.

Sicoob, por exemplo, maior sistema cooperativo financeiro do Brasil, possui agências em todos os 26 estados do país e também no Distrito Federal. São 1.881 municípios atendidos no total, sendo que, em 308 deles, o Sicoob é a única instituição financeira disponível.

Em Santa Catarina, estado com forte DNA cooperativista, o Sicoob está presente em 266 dos 295 municípios. Mas o presidente do Sicoob SC/RS, Rui Schneider, diz que ainda há um grande potencial de crescimento. “Vou citar um exemplo: Palhoça tem 200 mil habitantes. Temos dois pontos de atendimento. Mas quanto mais tem para atender?”

Emprego e renda

Em termos de renda, o estudo conduzido pelo pesquisador Juliano Assunção demonstra que, enquanto os bancos tradicionais só conseguem operar em municípios com PIB mínimo de R$ 112 milhões, as cooperativas financeiras conseguem atender a localidades com PIB inferior, de cerca de R$ 79 milhões.

Ao mesmo tempo, o levantamento da FIPE revela que a presença de cooperativas de crédito em um município costuma representar um incremento no PIB per capita de até 5,6%.

Além disso, a atuação dessas instituições cooperativistas também tem influência na proporção de vagas de emprego formal em relação à população em idade ativa e no próprio rendimento dos trabalhadores.

O crescimento nas vagas chega em média a 6,2% e os trabalhadores formais ganham pelo menos, 1% mais no salário mensal em comparação a trabalhadores de outras localidades em que não há presença de cooperativas de crédito.

Sem contar que o número de negócios também se eleva. Segundo a FIPE, onde existem cooperativas financeiras, há um aumento de 2 estabelecimentos para cada 1.000 habitantes, o que corresponde a um adicional de 15,7% na quantidade de empreendimentos.

Portanto, as cooperativas promovem a inclusão financeira e ainda conseguem gerar mais empregos, mais negócios e influenciar positivamente a renda dos trabalhadores.

O Sicoob, por exemplo, gera mais de 41 mil vagas de emprego formal em todo o território nacional (número total de colaboradores até o momento). Vale dizer ainda que, de acordo com a série de entrevistas Cooperatives and Employment, os trabalhadores de cooperativas experimentam “uma busca por eficiência, flexibilidade compartilhada, um senso de participação, um ambiente familiar e um forte senso de identidade”.

Potencial para gerar mais benefícios

Tendo em vista o cenário atual, a gerente de Desenvolvimento e Monitoramento de Cooperativas, Vitória Drumond, comenta:

“Sem dúvida, a pandemia ocasionada pelo coronavírus colocará a economia mundial em um contexto de incertezas, angústias e preocupações. Porém, as cooperativas de crédito têm sido solução relevante para PJ e PF em todo o Brasil e serão, sem dúvida, mais uma vez, base sólida para a sociedade em tempos econômicos difíceis.”

O presidente do Sicoob SC/RS, Rui Schneider, exemplifica: “Como as cooperativas sobreviveram à crise de 2008? Diversificando o crédito. Emprestar pouco para mais gente, em vez de muito para pouca gente. Hoje, quem pratica mais a inclusão financeira são as cooperativas.“

Schneider ainda complementa: “Nossa meta é que o associado pague menos taxas, menos juros e ainda sobre algo para distribuir no final do ano.”

Na tentativa de contribuir para a geração de empregos, reconstrução dos negócios e auxílio a famílias na busca pelo equilíbrio financeiro doméstico, especialistas apostam que a tendência do sistema financeiro é fomentar a desburocratização na concessão de crédito, assim como o acesso a taxas de juros atrativas.

Nesse sentido, as instituições financeiras cooperativas ganham papel de destaque. O próprio Banco Central já reconhece o potencial das cooperativas financeiras de contribuir com essas medidas. Por isso, tem entre suas metas – reunidas na Agenda BC# – ampliar a participação dessas instituições no Sistema Financeiro Nacional (SFN), elevar o percentual de associados como um todo e, especialmente, aumentar a quantidade de cooperados de baixa renda.

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Fonte: O Seu Dinheiro Vale Mais

 

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